quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Busões do BRT priorizam conforto

Transportar o máximo de passageiros, em pistas exclusivas, com conforto, agilidade e custo de operação próximo ao dos ônibus atuais. Estes são os princípios do BRT, sigla em inglês para Bus Rapid Transit. O sistema tem previsão para começar a operar em Belo Horizonte somente em 2012 nos corredores Antônio Carlos/Pedro I e Cristiano Machado, mas fabricantes já apresentaram dois de seis modelos de ônibus articulados próprios para a operação. Ambos são produzidos em Caxias do Sul (RS), têm bancos estofados, portas de embarque no mesmo nível do assoalho e transportam até 160 passageiros. 

A escolha do Marcopolo Gran Viale chassi Mercedes-Benz e do Neobus Mega BRT chassi Volvo, ainda sem previsão de testes nas linhas da capital, caberá aos consórcios operadores e à BHTrans, que planeja padronizar os veículos. 

Para o especialista em transporte da ONG SOS Mobilidade Urbana José Aparecido Ribeiro, os critérios para a definição devem incluir ar-condicionado e sistema de exaustão nos ônibus como forma de atrair os usuários de automóveis. “Nosso modelo de transporte público deu errado por não considerar o conforto. O custo médio dos veículos apresentados é de R$ 700 mil, o que equivale a dois ônibus de motor dianteiro como os que circulam em Belo Horizonte. Ou seja, estaremos trocando dois veículos desconfortáveis por um confortável, uma troca que não vai ter impacto no valor da tarifa”, avalia. Ribeiro defende ainda a criação de estacionamentos próximos às estações do BRT e linhas de ônibus alimentadoras com ar-condicionado, como complemento ao sistema. “O ideal é que os ônibus sejam compatíveis ao clima e à topografia da cidade, uma vez que o metrô não foi ampliado e o transporte por trilhos suspensos, descartado.”
MANOBRAS A capacidade de os articulados cumprirem os itinerários das linhas de Belo Horizonte é ressaltada pelo engenheiro de sistemas de transporte BRT da Mercedes-Benz, Edgar Bertini Ruas. “A BHTrans está fazendo a coisa certa ao chamar os fabricantes para realizar estudos e conversar sobre o projeto, evitando problemas futuros como colocar o ônibus para operar e descobrir que não é possível manobrá-lo em algumas ruas.”

No que depender do modelo encarroçado pela Neobus, tecnologia para manobrar não falta. Especialmente projetado para a implantação do BRT nas capitais brasileiras, o Mega BRT vem equipado com câmeras instaladas nas hastes dos retrovisores externos e vigia traseiro, além de sensor de estacionamento no para-choque traseiro. No ônibus de 20 metros de comprimento e chassi Volvo B-12 M viajam 58 passageiros sentados, contra 47 passageiros do Gran Viale, de 18,6 metros e chassi Mercedes-Benz O-500 MA. Outra diferença do modelo de design futurista da Neobus está no aproveitamento do espaço interno traseiro, que pode acomodar três bicicletas – no Marcopolo, o local abriga o cofre do motor. “Já vendemos 380 unidades do Mega BRT para Curitiba. As entregas começam em fevereiro de 2011”, revela o vendedor da Neobus, Alex Aguiar.



MELHORIA Atraído pela demonstração dos ônibus na BHTrans, o especialista em ônibus Ricardo Teixeira, também conhecido como Mister Bus, acredita que o BRT é fundamental para a melhoria do transporte coletivo. “Como ocorre em Curitiba, a implantação do sistema incentiva as pessoas a deixarem o carro em casa para utilizar o transporte público. Mas, para funcionar plenamente, a tarifa integrada não pode deixar de estar presente”, opina.

PRIMEIRO CAVALO
Para atender principalmente à demanda de centros de formação de condutores, a Agrale lança o 8500 TR. Primeiro cavalo mecânico da marca, o modelo é baseado no caminhão 8500, mas tem quinta roda e a distância entre-eixos menor. O motor é o MWM 4.10 TCA, com 115cv a 2.400rpm, aliado ao câmbio manual Eaton de cinco marchas. “O processo de desenvolvimento e validação levou cerca de 12 meses e foi feito com base nas necessidades e expectativas dos clientes, empresas que, normalmente, adquirem veículos usados. A legislação limita a 15 anos a data de fabricação do caminhão usado para esta finalidade”, explica o gerente nacional de vendas da Agrale, Ubirajara Choairi.

BOAS PRÁTICAS
A Volvo premiou em Curitiba os vencedores regionais e nacionais do 18º Prêmio Volvo de Segurança no Trânsito. Neste ano foram inscritos 254 trabalhos nas categorias Motoristas profissionais, Transportadoras (cargas e passageiros), Empresas, Cidades, Imprensa e Geral. Foram premiados 36 trabalhos, sendo seis vencedores nacionais e 24 regionais. “O prêmio foi instituído em 1987 com o objetivo de chamar a atenção da sociedade para a dramática situação do trânsito brasileiro e incentivar, descobrir e dar conhecimento público às boas práticas de segurança nesta área, gerando um efeito multiplicador para ações similares”, explica a coordenadora do Programa Volvo de Segurança no Trânsito, Anaelse Oliveira.

ÔNIBUS A ETANOL
Uma nova frota de 50 ônibus movidos a etanol começa a operar em São Paulo em maio de 2011. Os coletivos fazem parte de um negócio fechado entre a Viação Metropolitana e a Scania – fornecedora dos chassis, que garantirá a manutenção preventiva até os 120 mil quilômetros rodados. O modelo escolhido pela operadora é o K-270 4x2, com motor 9.0 de 270cv, abastecido com etanol adicionado a 5% de aditivo para a ignição. "Há 20 anos comercializamos o produto na Europa. Se considerarmos as metas de política ambiental, todo o município paulista terá de ter uma frota de ônibus composta por veículos movidos a combustíveis 100% renováveis até 2018", afirma o gerente executivo de vendas de ônibus da Scania, Wilson Pereira. 

Itens de conforto em ônibus de Belo Horizonte ficam só na promessa


Ônibus mais modernos e mais confortáveis tanto para os passageiros como para os motoristas em toda a frota de Belo Horizonte ficaram só na promessa.
A gerenciadora BHTrans alterou o decreto 15.019/2012 que obrigava que os ônibus apresentassem itens mais elaborados de conforto e segurança em toda a frota da capital mineira.
Câmbio automático ou automatizado, que diminue trancos para os passageiros e facilita o trabalho do motorista, ar condicionado, que aumenta a sensação de conforto, não serão mais itens obrigatórios em linhas que não sejam de corredores exclusivos.
As linhas diametrais, do tipo bairro a bairro, mesmo circulando por parte dos corredores, serão as que vão oferecer ônibus mais simples.
A mudança do decreto atinge ao menos 200 dos 400 ônibus para o sistema MOVE BH.
O uso de veículos mais simples e baratos atende a pressão dos empresários de ônibus integrantes dos consórcios operacionais.
Apenas os ônibus articulados terão o câmbio automático garantido porque todos já saem de fábrica com esta configuração. O preço médio destes veículos é de R$ 750 mil.
Os empresários preferem o uso de ônibus com motores dianteiros, que são mais baratos e de manutenção mais fácil, embora não apresentem as melhores condições de conforto para trabalhadores das empresas e passageiros.
No caso do sistema, o uso do motor dianteiro (inevitável em alguns trajetos) não é por causa das más condições de tráfego.
Os donos das companhias de ônibus alegam que se fossem comprar os veículos nas especificações do decreto original ou se tivessem de instalar os itens como ar condicionado e câmbio automático ou automatizado nos ônibus de motores dianteiros, os custos aumentariam e seriam repassados à passagens, resultando em tarifas mais altas ou necessidade de mais subsídios.
Ao jornal “O Estado de Minas”, o diretor de Planejamento, Desenvolvimento e Implantação de Projetos da BHTrans, Daniel Marx Couto, admitiu que a autarquia cedeu à pressão dos empresários e adota agora o mesmo discurso:
Se as empresas adicionassem o câmbio automático em um ônibus de motor dianteiro, somada a suspensão a ar, o preço ficaria muito próximo do de um ônibus com motor traseiro. O custo de manutenção desse tipo de câmbio também é maior”.

sábado, 12 de outubro de 2013

Usuários preferem piso baixo

               
                  Piso plano e suspensão que pode rebaixar no embarque são atrativos do coletivo

             A cada renovação de frota, os ônibus de piso baixo estão desaparecendo das garagens das empresas operadoras do transporte coletivo de Belo Horizonte. Antes exigidos nos mais variados tipos de linhas pela BHTrans, os coletivos que se diferenciam pelo piso plano entre as portas dianteira e central, e suspensão que rebaixa no embarque e desembarque, atualmente representam apenas 4% da frota da capital. São 122 veículos com piso baixo em circulação, quase todos fabricados há 10 anos, prazo máximo de operação para um coletivo na capital. Do restante de 2.732 ônibus convencionais, 1.564 são equipados com elevador para portadores de necessidades especiais, que sai mais em conta para as empresas. Os ônibus de piso-baixo são mais caros, consomem mais combustível, requerem mais manutenção e são pouco valorizados na hora da revenda. 
            E o usuário, como fica nessa história? Para saber o que o passageiro acha da extinção do coletivo que dispensa degraus, nossa reportagem embarcou num piso baixo da linha 66 na Savassi (Região Central de Belo Horizonte) e ouviu diferentes opiniões até o ponto final, na Cidade Administrativa (Zona Norte). A começar pela trocadora do coletivo, Adriane Souza, que, por ser portadora de necessidades especiais, já enfrentou esforço ao embarcar na linha 1505. “Além de ser mais confortável para o passageiro subir e descer, o piso baixo também é bom para cobrador e motorista. O elevador é útil, mas requer manutenção diária da empresa”, o único ponto negativo do veículo é o corrimão, que devido ao fato de o piso ser rebaixado, fica em posição muito elevada.
Quem paga o custo do coletivo é o próprio usuário. Pessoas que têm problemas e dificuldades precisam contar com um acesso facilitado no ônibus. Depois de uma certa idade, fica difícil embarcar. Para o motorista do piso baixo, Cássio Henrique, além de ter suspensão macia, este tipo de ônibus elimina boa parte do ruído do motor que, ao contrário da maioria dos ônibus convencionais, fica instalado na traseira do veículo.