domingo, 27 de abril de 2014

Impunidade estimulou ataques que resultaram em 227 ônibus queimados no País

Velório da menina Ana Clara, que morreu queimada dentro de um ônibus atacado no Maranhão, em janeiro. Ao menos 227 ônibus foram destruídos em incêndios durante ataques que ocorrem em 38 cidades em todo o País. Impunidade incentiva as ações. Poucas pessoas são presas e as penas são brandas. 
Brasil tem 227 ônibus queimados em 38 cidades

Setor de transportes espera que aprovação da lei que tipifica o crime de terrorismo possa dar condições de penas mais severas para quem for detido acusado de incendiar ônibus
ADAMO BAZANI – CBN
Com informações Revista Veja e Arquivo Blog Ponto de Ônibus
Entre o dia primeiro de janeiro e a última sexta-feira, dia 25 de abril de 2014, pelo menos 227 ônibus foram destruídos por criminosos em incêndios durante ataques registrados em 38 cidades brasileiras.
O levantamento é da repórter Mariana Zylberkan da Revista Veja junto a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos, sindicatos regionais de companhias de ônibus, gerenciadoras de transportes e prefeituras.
O Estado de São Paulo concentra a maior parte dos casos: 127 ônibus destruídos. O caso recente mais emblemático ocorreu em 22 de abril, quando 34 ônibus da Auto Viação Urubupungá, numa garagem auxiliar da empresa em Osasco, na Grande São Paulo, foram destruídos de uma só vez.
Outro caso que chamou a atenção ocorreu em São Luís, no Maranhão, quando no dia 3 de janeiro deste ano, um ônibus foi queimado por criminosos a mando de comparsas que estavam no presídio de Pedrinhas. No veículo, estava Ana Clara Santos Sousa, de apenas 6 anos de idade. Ela teve 95% do corpo queimado. A menina não resistiu aos ferimentos e morreu no dia 6 de janeiro. Em São Luís, pelo menos 9 ônibus foram destruídos.
No caso do ataque aos ônibus da Urubupungá, em Osasco, a motivação seria uma represália à morte do traficante de drogas Edmilson Almeida Silva, de 19 anos.
De acordo com dados das polícias civis nos diferentes estados, são diversas as motivações para os ataques intensificados depois das manifestações de junho do ano passado em prol de redução no valor das passagens.
Há casos de vandalismo e manifestações de comunidades, mas a maioria das ocorrências está relacionada de alguma maneira à ação do crime, como retaliações a mortes de traficantes ou demonstração de força de facções que atuam dentro e fora de presídios.
O promotor Everton Zanella, coordenador estadual do Gaeco – Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado, do Ministério Público de São Paulo, acredita que uma parte dos ataques no Estado ocorre por determinação do PCC – Primeiro Comando da Capital e de outras facções criminosas.
Segundo ele, é de se estranhar o fato de a grande maioria dos ônibus atacados na cidade de São Paulo ser de empresas e não de cooperativas. Há diversas investigações que indicam ligação entre membros do crime organizado e as direções de algumas cooperativas.
Os trabalhos do Gaeco ainda estão em curso.
Se São Paulo responde por 127 dos 227 casos de incêndios criminosos a ônibus, o estado que aparece em segundo lugar, o Rio de Janeiro, teve até sexta-feira passada 31 ônibus queimados nos quatro primeiros meses de 2014 – número inferior ao ataque à Urubupungá, de Osasco, em São Paulo.
Minas Gerais teve 15 ônibus queimados e Pernambuco, 14. Em Pernambuco, o número se tornou expressivo porque no dia 07 de abril, 12 ônibus da Empresa Bahia foram destruídos dentro da garagem, em Caruaru.

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