sábado, 24 de agosto de 2013

Casos em BH influenciaram recall de chassi

O acidente envolvendo o coletivo da linha 4031 (Santa Maria/hospitais) na Avenida Amazonas não é o primeiro e pode não ser o último causado pelo desprendimento do eixo traseiro em um ônibus do transporte coletivo de Belo Horizonte. Pelo menos outros dois casos semelhantes já haviam sido confirmados pela própria fabricante do ônibus – a Mercedes-Benz – em reportagem publicada pelo caderno “Vrum”, do Estado de Minas, em fevereiro de 2011. Na época, 13.400 unidades do chassi OF-1722, fabricadas entre julho de 2008 e setembro de 2010 – exatamente o modelo do veículo acidentado anteontem –, haviam sido alvo de recall do fabricante. Motivo: risco da quebra dos grampos das molas do eixo traseiro, levando à perda da dirigibilidade do veículo.

O reparo do problema consistia na verificação, aperto ou substituição dos parafusos que sustentam o conjunto mecânico das duas rodas traseiras. Manutenção que pode não ter sido feita corretamente no ônibus da linha 4031, embora o coletivo em questão, produzido em 2010, tenha passado pelo recall da marca, segundo o site da Mercedes-Benz. “Aquilo (o acidente) foi uma tendência natural de quebra de grampo do chassi. Só que todos os quatro grampos não se quebram de uma só vez”, alertou uma fonte ligada à marca, que preferiu não se identificar.

Segundo o especialista, para o eixo traseiro se soltar da carroceria de um ônibus é necessário que pelo menos os dois grampos presentes acima de cada roda se soltem. A mania dos motoristas de ônibus de BH de puxar a alavanca do freio de mão nas reduções de velocidade, em vez de frear normalmente – uma espécie de código de comunicação da categoria – também pode ter colaborado com o fato. “As peças não se quebraram no momento da batida. É bom notar também que o piso em Belo Horizonte está muito ruim, com muitos buracos. Os consórcios estão adquirindo ônibus maiores e mais longos, o que aumenta a fadiga da estrutura dos veículos na parte traseira. Isso exige um intervalo de manutenção menor. Talvez nem todas as empresas estejam cientes”, alerta. Procurada, a Mercedes-Benz não se pronunciou sobre o assunto. (BF)

Praticamente todos os ônibus novos que operam nas linhas municipais de Belo Horizonte são montados sobre o chassi de motor dianteiro OF-1722. O modelo para aplicações urbanas e rodoviárias da Mercedes-Benz também é o mais vendido no país e alvo de um recall que envolve cerca de 13.400 unidades produzidas entre julho de 2008 e setembro de 2010. Razão: risco de quebra dos grampos das molas do eixo traseiro, que, de acordo com o próprio fabricante, pode levar a perda da dirigibilidade do veículo.


Nas concessionárias da marca, os componentes da suspensão traseira estão sendo verificados e, em caso de necessidade, trocados. Um serviço que há algum tempo se tornou rotina em garagens da capital, onde ocorreram diferentes casos de soltura ou quebra do eixo do chassi. “Os grampos de mola do OF-1722 estão quebrando desde 2004. Na verdade esse recall é muito maior que o anunciado, que inclui apenas os ônibus em período de garantia. Na manutenção preventiva, era comum detectar um grampo quebrado por semana”, revela um funcionário de empresa de ônibus que não quis se identificar. 

Outra fonte ligada a transportes afirma anonimamente no blog Urbanos de Minas que a Mercedes-Benz demorou para reconhecer o problema. “Se desse torque demais no parafuso, ele quebrava por excesso de pressão. Se desse torque de menos, ele quebrava pela folga. Aí, não há empresa que aguente ficar conferindo parafuso toda noite na vala para o eixo do carro não soltar repentinamente na rua. Somente agora, depois de muita insistência, principalmente por parte de um empresário que foi até o presidente da Mercedes-Benz para discutir o problema e provar que a culpa era da Mercedes, é que ela reconheceu o erro e resolveu assumir o recall”, revela o anônimo.

A Mercedes-Benz reconheceu a existência de quebras do eixo traseiro do OF-1722 em Belo Horizonte, mas em somente dois ônibus urbanos. “Os veículos envolvidos foram fabricados depois de 2008 e reparados sem custo pela Mercedes-Benz. Reunimos-nos com empresários e sindicatos para discutir e achar uma solução para o problema, que consistiu na troca dos grampos de 18 milímetros por outros reforçados, de 20 milímetros, mais grossos. Não temos conhecimento de outras falhas em chassis produzidos antes do lote envolvido no recall”, alega o gerente de Pós-Venda da marca, Ronaldo Fontolan. 

Os chassis envolvidos no recall, que incluem o modelo OF-1721 exportado para a Guatemala, têm números de série não sequenciais de 9BM 384075 8B 610005 a 9BM 384078 BB 757912.

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